Thursday, August 14, 2008

O amanhã pode nunca chegar


“Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapos e me presenteasse com mais um pedaço de vida, eu aproveitaria esse tempo o mais que pudesse. Possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria tudo o que digo. Daria valor ás coisas, não pelo que elas valem, mas pelo que elas significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais se detivessem, acordaria quando os demais dormissem.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, deitava-me ao sol, deixando a descoberto, não somente o meu corpo, como também a minha alma. Aos homens, eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamorar.
A um Menino eu dar-lhe-ia asas e apenas lhe pediria que aprendesse a voar. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com o fim da vida, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com Vós homens...Aprendi que todo o mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o agarrou para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo, quando está a ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas agora, realmente de pouco me irão servir, porque quando me guardarem dentro dessa caixa, infelizmente estarei morrendo.
Diz sempre o que sentes e faz o que pensas. Supondo que estes são os últimos minutos que te vejo, dir-te-ia "Amo-te" e não assumiria, loucamente, que já o sabes.
Existe sempre um amanhã em que a vida nos dá outra oportunidade para fazermos as coisas bem, mas pensando que hoje é tudo o que nos resta, gostaria de te dizer o quanto te quero, que nunca te esquecerei.
O amanhã não está assegurado a ninguém, jovens ou velhos. Hoje pode ser a última vez que vejas aquelas que amas. Por isso, não esperes mais, fá-lo hoje, porque o amanhã pode nunca chegar. Senão, lamentarás o dia em que não tiveste tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e o teres estado muito ocupado para atenderes esse último desejo.
Não serás recordado pelos teus pensamentos secretos. Pede ao senhor a Força e sabedoria para os expressar. Demonstra aos teus amigos e seres queridos o quanto são importantes para ti...”

Gabriel Garcia Marquez

Wednesday, August 6, 2008

War Within a Breath

Este site é dedicado aos pensamentos e emoções. Ora, não pude deixar de falar aqui de uma das maiores emoções vividas por mim até hoje. No dia dez de Julho fui ver os tão esperados Rage Against The Machine. Este concerto iniciou-se há uma da manhã do referido dia, mas já na noite anterior me tirou o sono. Dormi apenas 4 horas na ânsia de chegar à tão esperada hora de partir para Lisboa. Chegou essa hora foi uma correria de telefonemas aos amigos e de preparar as malas. Deu-se, de seguida inicio à viagem. Ao chegarmos a Lisboa encontramo-nos com mais amigos, uns mais distantes outros mais próximos. Perfizemos um total de cerca de 15. O festival começou com alguns concertos de bandas de renome internacional mas que não despertaram grande interesse porque estava lá apenas por uma razão. Com o cair da noite e muita cerveja no estômago chegou a hora de jantar, sentamo-nos calmamente a jantar e a reservar energias para o que viria no final da noite. De repente, surge a meia noite e meia, o concerto estava agendado para a uma menos vinte, uns diziam que era à meia noite e quarenta, outros que era às vinte para a uma, mas eu teimo que estava previsto para a uma menos vinte. Começamos então a empurrar-nos por uma multidão estimada de 90 mil pessoas para obter o melhor lugar possível até que por fim chegamos. Aguardamos a entrada da banda em palco. Eu na minha loucura já cantava músicas do Tony e dos Cebola Mol. Por fim a banda entra em palco e começa o que alguns chamaram de “fim do mundo”, deu-se início à guerra de saltos, gritos, empurrões, flashes que faziam lembrar bombas a cair perto de nós. Dez minutos depois o calor era insuportável, estima-se 50ºC de temperatura na multidão. Continuei no meu mundo, os acordes da guitarra entravam-me no cérebro e deixavam-me em transe enquanto gritava repetindo as palavras de ordem e revolução do vocalista, houve alturas em que senti lágrimas nos olhos, sangue a ferver nas veias, arrepios por todo o corpo e suor caindo pelas costas abaixo, ocasionalmente chovia agua e cerveja e sabe-o Deus que mais. Vi caras de medo, espanto, horror, pessoas maravilhadas e sem palavras. Durante quase uma hora e meia esqueci a minha vida, os problemas, o quotidiano. Foi quase hora e meia que me deixou em transe profundo, que soltei toda a energia guardada ao longo dos anos no que pareceu uma infindável espera por esse momento. Durante os 3 dias seguintes andei completamente na lua ou melhor no céu. Foi sem duvida um momento muito marcante que me acompanhará durante anos.